sexta-feira, 4 de julho de 2008

A Um Só Tempo


Por vezes paro no tempo
e viajo sozinho,
levado pela brisa de um suspiro
na inspiração do momento.
Reclamo para mim
mundos e fundos
no quebrar da corrente,
na vaga de um elo ausente,
num acordar de repente
no qual caio no presente.
Refuto, não consigo;
disfruto; talvez,
mas o que sei e pergunto,
não sei e respondo,
o que perco e encontro
o que encurto e prolongo,
só sei, e não sei,
onde sinto profundo,
onde o caminho que percorro
se torna curto ou longo.
Paro no tempo.
Viajo sozinho.
Levado pela brisa,
o encanto do momento,
que vezes sem conta
qual despeito e afronta
me interrompe a corrente
do suposto pensamento.
Rasgo papéis, parto canetas,
risco palavras, apago as letras
que presas na folha
ou soltas no ar
formam enigmas,
ou quebram barreiras,
abrem janelas
para eu poder respirar.
Por vezes suspiro,
este; mais um.
Tenho todos, não tenho nenhum.
Posso ter imensos
num turbilhão de sentimentos,
mas quando paro!
Só preciso de um.


"Nuno C. Pinto"