domingo, 8 de junho de 2008

Água Salgada


Não sei distinguir o sabor das lágrimas,
doces ou amargas,
qual delas me escorrem pela face?
E porque me correm pela cara?
Qual o significado?
Alegria, dor,
qual sentimento me corroi por dentro,
sem ter sequer a noção
do que provoca em mim tal acontecimento.
Seja como for,
não consigo saboreá-las,
são demasiado reais para que as sinta,
embora saiba que em mim estão presentes,
passadas e no futuro.
Realidade permissiva que me deixa viver
com ilusões e certezas de realidades
melancólicas, depressivas e cinzentas
como o céu em dias de chuva,
que me bate na cara como choro.
Estou cansado de chorar por dentro.
Estou cansado de me torturar por dentro.
Estou farto de me ver aqui dentro.
As minhas lágrimas deixam escapar
de dentro para fora,
as angustias que cobrem esta imagem física,
imune a emoções.
Quando acontece mólho os pés,
tenho a água pelos joelhos,
e reflexos nela da imagem
que não vejo no espelho.

"Nuno C. Pinto"

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